Não. Não tenho raiva nenhuma da
Globo. Eu sou global, e sempre serei o mesmo ator global desde1969. Chico
Anysio Show esteve 39 anos no ar, mudando de título, mas, no fundo, a mesma
coisa: meus tipos e eu – uma fórmula que, graças a São Francisco de Assis,
sempre deu certo. Sempre fui líder nos horários que me deram – com uma exceção:
quando - por um desentendimento com o Carlos Manga, eu voltei para a TV Rio e o
“Times Square” , lançado pela EV Excelsior me venceu. Mas esta vitória teve um
pouco de mim,
porque o “Tines Square” nasceu de uma
idéia que eu havia dado ao Manga (Love Street) – um programa de duplas, trios e
quartetos, mais virado para o romantismo. O Manga fez as adaptações devidas e
nasceu o “Times Square”, fazendo algo que me parecia estar sofrendo uma derrota
para mim mesmo.
Mas, como uma espécie de compensação,
ali na TV
Rio, no meu “Praça Onze” – um “Times Square” doa pobres, eu fiz, coma
expressiva ajuda do meu querido amigo João Roberto Kelly, um sucesso musical
para sempre: Rancho da Praça Onze, música cantada e gravada pela Dalva de
Oliveira e que passou a fazer dupla com “Bandeira Dois” uma marcha rancho do
Max Nunes, cantada alternadamente como prefixo da Dalva. Foi esta canção que me
fez ser acreditado como autor musical. Eu estava aprendendo que algumas vitórias
podem ser vitoriosas. Um ano depois o Edson Leite,
presidente da Excelsior veio me procurar, pedindo para eu voltar. Eu disse que
não, porque o Manga iria querer se “vingar” de mim. O Edson Leite me garantiu
que não e marcou um almoço de nós três no Iate, Eu fui e o Manga quase me
fratura as costelas no abraço que me deu e até chorou emocionado. Eu então
voltei para a Excelsior e depois de 15 dias sem ninguém marcar um encontro
comigo, sem nada acontecer, eu fui à sala do Manga que àquela altura já era
Diretor Artístico e perguntei:
- E o
meu programa?
Ele falou que o programa iria sair e que eu o faria
como quisesse, mas que não tinha lugar no horário noturno da grade e seria
apresentado aos sábados às 17 horas e seria gravado em São Paulo, porque no Rio
não tinha estúdio onde realizá-lo. Eu fui pra São Paulo, onde encontrei um
único estudio onde eram realizados dois programas para exibição apenas em São
Paulo: os programas do Moacyr Franco e da Bibi Ferreira. Eu estava lá sozinho.
A TV Tupi, de São Paulo, independente da Tupi do Rio, me procurou e me ofereceu
mais do que a Excelsior me pagaria, mas não aceitei a bela proposta e fui ai
Edson Leite perguntar como eu faria o meu show.
- Do
que você precisa?
- De
tudo, mas o primeiro é o Daniel Filho, para dirigir.
O
Edson na mesma hora ligou para o Manga e disse que eu estava ali querendo um
diretor
- Quem
ele quer? – perguntou o Manga.
- O
Daniel Filho, respondeu o Edson.
A
gargalhada que o Manga deu foi tão forte que o Edson afastou um pouco o telefone
do seu ouvido e deu para eu escutasse.
- Vai
no primeiro avião.
Pronto.
Depois da minha segunda derrota, eu estava conseguindo a minha maior vitória:
dar oportunidade ao Daniel de mostrar para o Brasil quem era o maior diretor
deste pais;
Estou
– teóricamente – em meio da minha terceira derrota, mas acredito nos homens que
mandam na Globo e qualquer dia receberei um telefonema de um deles
- E
então, Chico? Vamos voltar com a Escolinha"
Fonte: http://bloglog.globo.com/chicoanysio/
4 comentários:
Uma grande perda!
=(
Chico vai deixar muita saudade!
odeiiiiiiio chico! (com todo o respeito ao morto)
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