sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A última conversa

- Vim te buscar...

- Veio?

- Mas é assim? Sem avisar?

- Às vezes a gente avisa as vezes não.

- Isso tem regra.

- Gostaria muito que tivesse, mas é assim de bate pronto.

- O bom que não tem rotina né?

- Tem não, ando morta por causa disso.

- Porque a gente não pode se despedir?

- Imagina a demora que seria? Tem gente que não consegue despedir do menino antes de deixar na escola... imagina pra isso.

- Tem razão. E as pessoas que ficam?

- Isso é uma grande falha desta departamentalização imposta deste processo, um não tem acesso ao outro. Volta e meia a gente reclama pro chefe e ele sempre responde levantando a sobrancelha tipo: “Sempre foi assim e não vou mudar”.

- Então o que eu faço.

- Nada.

- Acabou? Morri.

- Acabou. Morreu.

6 comentários:

Wanderley Elian Lima disse...

Então tá! Morreu.
Abraço

Madi Muller disse...

Simples assim...se acabou,fazer o q?

Cyntia Campos disse...

O fim é dolorido, na maioria das vezes. Mas tudo acaba e isso é a única certeza absoluta.

Miguel Alexandre Pereira disse...

Belo texto, adorei o conceito! Simplesmente fantástico :)

http://ummarderecordacoes.blogs.sapo.pt/

Thaís disse...

me deu saudades de ler o livro intermitências da morte, do saramago! conhece??
e essa semanas passadas vi o filme 'a menina que roubava livros', cujo narrador onisciente também é a morte!

Flávia disse...

Se morreu, morreu, né? kk

thoughts-little-princess.blogspot.com