No analista

- O que lhe trouxe aqui ao analista?

- O ônibus!

- Como?

- Dei sinal e entrei e vim.

- Mas o que você tem?

- No bolso?

- Não... Na...

- Na carteira?

- Olha vai ficar fazendo gracinha?

- É...

- O que?

- É que sou patologicamente chato.

- Serio?

- Temos que trabalhar isso.

- É o que eu mais quero.

- Me conta como começou?

- Acho que foi na escola. Eu era aquele que começava a brincadeira no colégio de baixar o calção...

- Sim...

- Depois eu fui crescendo e veio a vontade de namorar.

- Tudo bem.

- Mas eu começava a chegar na mulher sempre puxando o cabelo...

- Elas deviam te achar um chato.

- E depois eu fui crescendo: Sempre fiz uma brincadeira no 1º de abril, quando eu ia no estádio eu ficava chamando o cara do picolé e quando ele olhava eu fazia que não era comigo. Eu sou o que inventa apelido. Converso encostando nas pessoas...

- Mas isso era quando criança?

- Até hoje doutor.

- E eu sinto que as pessoas estão se afastando, ninguém me liga mais para sair e me sinto sozinho durante o dia.

- E o que fez você vir pedir ajuda?

- É que eu me peguei fazendo uma coisa muito chata.

- Qual?

- É que quando meu sobrinho chegou ontem em casa eu perguntei ele: “E as namoradas...”